(*) Elias Miler da Silva
Recebido na manhã de ontem, 13/06/19, no Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, com toda a pompa e respeito que o cargo lhe confere, o governador João Doria Jr. protagonizou lamentável cena de grosseria, falta de educação, mau uso das prerrogativas de seu cargo público e ignorância. Falando para o grupo de coronéis que comanda a PM, a certa altura o governador parou para repreender um oficial que manuseava um celular.
“Coronel, podia desligar o seu celular enquanto o governador estiver falando? Eu agradeço. Por favor. Se o senhor tiver alguma coisa urgente, pode sair da sala e usar o celular. Mas enquanto o governador estiver falando, por favor, preste atenção, mesmo em relação ao seu comando.”
Depois de uma pausa longa, Doria continuou a peça de propaganda que chama de discurso.
Em instantes, o vídeo – produzido por sua equipe sempre atenta e bem pautada – ganhou as redes sociais e as manifestações começaram. Um delegado de polícia usou emojis de espanto e riso ao escrever que o coronel PM havia levado “um pito, ao vivo e a (sic) cores”. A edição eletrônica da Veja São Paulo usou o mesmo termo ao titular sua reportagem com “João Doria dá um ‘pito’ em coronel da PM durante reunião”. Um ou outro comentarista elogiou o governador ressaltando sua postura “firme, de poder e de comando”.
A imensa maioria dos comentaristas criticou a cena protagonizada pelo governador João Doria. No Twiter, a deputada Adriana Borgo classificou o posicionamento do governador como infeliz. “Tem o meu repúdio”, escreveu. O deputado Major Mecca postou: “Com o Regulamento Disciplinar em baixo do braço fica fácil, não é, Excelentíssimo Imperador Doria?” Comentando o tuíte do deputado Mecca, uma internauta escreveu: “Pensa numa pessoa deselegante e de baixíssimo nível e Dória… Diga a ele para cumprir as promessas que fez antes de desconstruir a imagem de um coronel três estrelas e muito suor derramado na Gloriosa, em frente à tropa”.
Grosseria, falta de educação, mau uso das prerrogativas de seu cargo público e ignorância estiveram no cardápio do governador. Grosseria porque, como pretenso líder, jamais poderia repreender um subordinado em público. Falta de educação porque, apesar do “por favor”, sequer olhou para o Comandante-geral ali presente quando dirigiu-se a um subordinado direto dele. Mau uso das prerrogativas do cargo porque, mais uma vez, ali estava o marqueteiro usando militares para suas cenas eleitoreiras e aconselhando um Oficial comandante a ficar em silêncio quando o “chefe” fala, “o mesmo em relação ao seu comando”.
Por fim, ignorância. Quem manuseava o celular era um oficial da Inteligência encarregado de escrever a Ata do encontro.
(*) É Coronel da Reserva da PMESP e Presidente da Associação DEFENDA PM.
Infelizmente esse cidadão está lá muito por culpa de uma parcela dos policiais, militares e civis, que parece que não se lembraram que o PSDB deixa a polícia a míngua a mais de 8 anos.
Estão se doendo por ser um militar de alta patente recebendo a chamada de atenção.
Se fosse qualquer subordinado na mesma situação, qualquer um dos oficiais lá presente também teria a mesma atitude do governador.
Engraçado que estão achando que o governador fez errado em chamar s atenção de um coronel por estar usando o celular enquanto o governador discursava. Duvido que se um coronel estivesse fazendo um discurso e visse um policial de cargo menor fazendo uso de celular não faria muito pior. Possivelmente seria até aberto um processo administrativo contra o subalterno, que fatalmente seria punido, diante das regras invocadas pelo arcaico regulamento disciplinar militar.