(*) Cel PM Elias Miler da Silva
O apresentador do “Bom dia Brasil”, da TV Globo, Rodrigo Bocardi, cometeu um erro hoje de manhã ao chamar reportagem sobre um assalto à radio online SOT, que entrevistava a intérprete da escola de samba Vai Vai, Grazzi Brasil. Bandidos armados invadiram o estúdio no Jardim Paulista, zona Oeste da cidade, e levaram pertences dos funcionários e dos convidados. Todos relataram momentos de terror. A ação foi rápida.
Com a predileção que tem pela Polícia Militar, quando o negócio é falar mal, o apresentador chamou a reportagem da seguinte maneira:
“Um assalto no mínimo inusitado que aconteceu aqui em São Paulo… os policiais invadindo a casa e roubando as pessoas que estavam transmitindo um programa pela internet… Daqui a pouco a gente exibe.”
Mais tarde, ele se viu obrigado a apresentar desculpas por aquilo que foi considerado uma gafe (sic) pela edição online da “Veja São Paulo”. “Mais cedo, no jornal, quando eu tive aquele problema que a gente não conseguiu exibir a reportagem ao vivo, falavam no meu ouvido: ‘não está pronta’”. Bocardi disse que acabou cometendo um equívoco (sic). “Obviamente, policiais chegaram depois dos ladrões. Desculpa mais uma vez.”
Sabe quando a emenda sai pior que o soneto? A “Veja São Paulo” disse que Bocardi cometeu uma “gafe”; Bocardi disse que cometeu um “equívoco”. Para nós, ele cometeu um “ato falho”. Cientificamente, “ato falho” é um tropeço na fala, na memória, em uma atuação física, provocada hipoteticamente pelo inconsciente. Pelo ato falho, o desejo do inconsciente é realizado. Isto explica o fato de que nenhum gesto, pensamento ou palavra acontece acidentalmente.
O ato falho-gafe-equívoco do apresentador da TV Globo, evidentemente, pode acontecer com qualquer pessoa. Contudo, por se tratar de um profissional com histórico de críticas ácidas à Instituição, críticas muitas vezes gratuitas e rasteiras, o erro é imperdoável. Os ditos populares são pródigos em pérolas para ilustrar situações para as quais a explicação racional não basta. Um dito muito bom é “a cada enxadada, uma minhoca”. Ilustra a insistência, geralmente para o mal, de pessoas que, para atingir seus objetivos, não pensam antes de falar.
E foi isso o que aconteceu com Rodrigo Bocardi, ao se desculpar, explicando que não foram os policiais que roubaram o grupo. Não, isso não! Claro que não! Porque – ele disse – “os policiais, obviamente, chegaram depois dos ladrões”.
O “obviamente” é a minhoca da vez.
(*) Presidente da DEFENDA PM – Associação dos Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar