(*) Eunice Rosa Godinho
Hoje, a PMESP enterrou mais um filho, mais um herói.
A sensação de um nó na garganta sentida ao desembarcar da viatura, em frente ao Cemitério da Areia Branca, em Santos, local onde o corpo do Soldado Farias foi velado e enterrado.
Um giro lento e panorâmico, e o que vejo são cabeças baixas, ombros caídos, olhos marejados. Um misto de tristeza, inconformismo, cansaço… O olhar diz o que as palavras não conseguem.
Na sala do velório, a família desolada.
Vi homens e mulheres visível e emocionalmente exaustos, apreensivos, ostentando uma farda que a cada dia se torna mais “pesada”.
Salva de tiros, toque de silêncio, despedida formal de um Comandante abatido por conduzir tão dura missão, palavras do Comandante Geral, Bandeira Nacional dobrada e entregue.
Padre e pastor oraram ombreados pela alma de um PM jovem e negro, morto por mãos ímpias.
Creio que, assim como eu, todos se perguntavam: quem será o próximo.
Um silêncio humano massacrante…
Apenas o som do cimento sendo arremessado contra a parede que lacrava a gaveta, e, assim que último tijolo foi assentado no Mausoléu da Polícia Militar, a resposta veio a galope: Cb PM Rocha, da ROCAM do 32°BPM/M.
Amanhã… Tudo de novo.
(*) É Major da Polícia Militar do Estado de São Paulo e associada da DEFENDA PM.