Ontem (19) despedimo-nos do nosso maior representante no Senado Federal para defesa da categoria de policiais militares de todo Brasil. E não só dos PM, mas também de todos os trabalhadores da área de segurança. Um ser humano fantástico, honesto, briguento e teimoso também, mas tudo que fazia, com muito trabalho, suor e dedicação, era em prol da sociedade, não pensando apenas no próprio umbigo, como muitos fazem. Mas se não fosse um camarada de temperamento forte como ele, conduzindo sua caixinha de som para todos os lados, o que seria de nós paulistas e nós policiais militares? Certamente, combateu o bom combate, encerrou a carreira, guardou a fé.
E por ironia do destino, quem lutava ferrenhamente para que todos os policiais fossem incluídos na lista de prioridade da vacinação da Covid-19, acabou falecendo dessa temível doença. E lembro aqui que é uma questão de honra sermos vacinados, pois além de também estarmos na linha de frente, destaco já terem morrido, de 2020 para cá, mais PM de Covid do que em serviço no cumprimento do seu dever.
Mesmo com todo seu empenho, sabemos que no mundo político, quem não “fala amém” para tudo ou não puxa o saco de alguns governantes, como por exemplo o próprio governador de São Paulo, João Doria, não consegue muito êxito em suas proposituras, pois não é bem visto por não ser amigo do “rei”.
Mas antes ser um político dessa estirpe, de muita fibra e caráter e que não se curvava a desmandos e todo tipo de agruras que nós, policiais militares, estamos vivendo há mais de duas décadas nas mãos do PSDB no Estado de São Paulo, a ser um político padrão, que faz seus conchavos, muito comuns nesse meio, pensando de forma umbilical e na sua reeleição. Cabe aqui recordar que para Olimpio, PSDB significava “Pior Salário Do Brasil”, com o qual concordo plenamente.
Aliás, a política brasileira carece de homens com mais coragem, de perfil mais temperamental, menos subservientes aos desmandos políticos para que, especialmente nós, policiais militares, tenhamos alguém para nos representar à altura e não continuarmos a ser tão “capachos” e à míngua do governo estadual e Secretaria da Segurança Pública como estamos sendo, como disse, nas últimas décadas.
Não evoluímos quase nada no empoderamento institucional, pois continuamos a ser uma polícia subserviente a tudo e a todos.
E falando nisso, especialmente pelo fato das características aqui já elencadas sobre nosso querido e estimado amigo Senador Major Sérgio Olimpio Gomes, é que ontem fiquei duplamente entristecido. Primeiro por sua partida irreparável para nós policiais militares, para a política e para sua enlutada família. A esta, saúdo-a com minha mais respeitosa continência. Segundo, por entender, por analogia, que o Senador Major Olimpio morreu em serviço ou razão dele, lutando no Senado Federal por uma categoria tão sofrida e pouco reconhecida por todos, especialmente por nossos governantes. E sequer estamos na lista prioritária da vacinação contra a Covid-19. Um verdadeiro absurdo, já que presidiários estão na nossa frente!
E morrendo em serviço, merecia sim as homenagens que sempre fazemos quando um policial militar tomba no cumprimento do seu dever, ou seja, um minuto com as viaturas disponíveis de serviço estacionadas por todo estado, com seus homens e mulheres desembarcados, sirenes ligadas e prestando continência, como última homenagem ao herói que se foi.
Mas, infelizmente, por questões de constrangimento político ou não, já que Olimpio e Doria não se “bicavam”, não vimos isso. Culpa do próprio Governador? Não sei. Culpa do Secretário da Segurança Pública, do Secretário Executivo ou do Comando da Instituição? Também não sei. Torço para que tenha sido apenas um esquecimento, que jamais deveria ter ocorrido, por óbvio, já que nosso digno representante das Polícias Militares brasileiras mereceria, no mínimo, ser tratado com mais honra e dignidade, pois poucos tiveram a coragem e destemor que ele sempre teve, desde seus idos na Academia de Polícia Militar do Barro Branco e, depois, como tenente, buscando criar a Associação Paulista de Oficiais. E quem conhece a história dele como cadete e como oficial, sabe bem o que estou dizendo.
Afinal, a Polícia Militar já fez homenagens para tantos famosos – não que não merecessem – mas me parece ter prevalecido o ditado: “em casa de ferreiro, espeto de pau”.
Descanse em paz, estimado amigo. Que Vossa Excelência continue aos brados e com sua caixinha de som rogando por todos nós aqui no plano terrestre.